Natalicio acordou Natalicio acorda, olha a janela e o Sol está quente. O calor é tão intenso que Natalicio não usa boné, nem gorro, ele prefere uma camiseta regata, bermudas e a sua boa e confortavel havainas. Desce pra comprar o jornal e pelo caminho algumas crianças ainda se escondem com frascos de cola e papelões. Os guardas já estão nas ruas, afinal. Dizem que a paz e a ceia foi farta, só se for na televisão. As lágrimas eram sinceras, mas não de felicidade, era o medo de não ter o um real do pão de amanhã. Não tinha panetones, nem pernil, era a boa farofa de feijão e o arroz branco, grudando no fundo panela. E Natalicio pegava seu jornal, as noticias de capa era o belo dia de natal e suas felicitações, logo em seguida eram as mesmas mortes.. Sentido, de jovens que eram "culpadas" pela sua condição e drogadicção. Ainda dança o boneco vestido de vermelho em frente a vitrine. Ainda há luzes e guirlandas em toda porta de casa. Natalício, no dia de seu aniversário, banca o cidadão pacato, observando os malabares no sinal.
A música desafinou.
A neve nunca existiu.
E a magia não passa de ficção nas telinhas de TV..