quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Licença aos otimista pudicos

Cajuh

Pensei como seria se as pessoas viessem com seus próprios manuais. Manuais esses que serviriam para um autoconhecimento e para os outros saberem como lidar com elas. Primeiro achei que seria um bom recurso, só que pensando bem nem um manual ajuda muito. Se houvesse o manual, a única coisa seria é que inevitavelmente erraríamos mais em tecnicismo do que em tentativa. Até nossos pensamentos mais lúdicos envolvem tecnologia, contudo apesar de tantas máquinas em funcionamento ainda queremos nos parecer com ela. Eu aqui pensando em um manual de humanos, ao mesmo tempo em que me incomodo com a burocracia do mundo, beirando os humanos a máquinas! De certo qualquer dia desses surgirá um livro com teor cientifico que nada mais será que uma manual para imbecis!

Desculpem-me a aparente revolta, era para ser uma forma mais lúdica de dizer que os humanos não podem ser entendidos e que a vontade que me surge é mandar a todos, inclusive a mim, Se FUDER... Uma foda deliciosamente gostosa, sem previsões manualísticas ou técnicas, só uma FODA!!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Teleceguez



Acorda João
Teu braço é preciso
Tua força é mais uma
Movendo o país
Bom dia, mulher
Sua benção, meu pai
Pão sem manteiga
Leite ou café, tanto faz
O dia desponta nas costas
Arde e tempera o trabalho
Suor, labor, salário
Companheiros das mesmas lutas
João não gosta de putas
A família está lhe esperando
Bola, boneca e um corte de pano
Dia de salário e prosa no bar
Sexta feira de qualquer mês
O sangue é quente
Tudo é embriaguez
Ele não sabe se corre
Ele não tem nada ver
Ele pensa que se esconde
Ele é o alvo da vez
A bala sem endereço
Acerta João, do nada
Tiro, pipoco, grito, estampido
João, com o salário na mão
João?
Quem é João...?
Acorda, Antônio

Teu braço é preciso
Tua força é mais uma
Movendo o país
Bom dia, mulher
Sua benção, meu pai
Pão sem manteiga
Leite ou café, tanto faz.
Tanto faz.
Tanto faz.

Originalmente publicado 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Post Indigente - sem nome nem aderente


Controle remoto na mão. Novela, docs, filme e futebol. O que há de interessante para uma tarde de sábado? Acabei estacionando em um reality policial, onde a equipe acompanha as viaturas atendendo aos chamados pelas ruas da cidade. Denúncia: homicídio.
Chegando ao local, temi continuar assistindo pois o câmera não hesitou em filmar o corpo... que se mexeu. Esperei sangue, mas o corpo mexeu. Um homem de calças, sem camisa, barbudo e de aparência suja acorda depois da abordagem policial. Não consegue levantar-se (ou não quer). Apenas rasteja sentado.
- O que tá fazendo aqui? Ei! Falei com você!
O homem nada respondeu, apenas duas olhadas para o policial. Vestiu a camisa e rastejou do muro para detrás do poste, na beira da calçada.
Voltado para a câmera o policial continua:
- Como vocês podem ver, é apenas um indigente. Está tudo bem, graças a Deus, a denúncia era falsa. Acontece muito, as pessoas acharem que, pelas características, estar sujo, jogado, se trate de um corpo. Vamos embora.
Meu senhor, a denúncia não era falsa.
Meu senhor, gente assim não fala. Sequer tem voz.
Meu senhor... esse crime foi arquivado, faz tempo.. faz tempo!