sábado, 29 de outubro de 2011

O Bebê


O casal parava todas os dias, ao entardecer,pra conversar um pouco sobre o bebê que estava por vir. A mãe, com a barriga já bem grande, olhava ao longe imaginando que sua/seu filha/filho já podia andar, correr, cair... O casal resolveu que só saberiam o sexo após o nascimento. Comparam tudo azul, da cor que lembra Nossa Senhora, a protetora das crianças.

- Incrível: aqui dentro está uma parte de mim... Você me faz muito feliz.
- Você acha que vamos nos amar por muito tempo?
- Não. Só por uns 86 ou 87 anos - respondeu, sorrindo largo.

E as duas entraram pra casa, pois na varanda batia um vento muito frio e não seria bom ficar resfriada com um bebê a caminho.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Porque Shrek e Fiona ?



Autor Desconhecido'

Professora: Qual personagem de conto de fadas vocês querem ser?
Aluna1: A Branca de Neve.

Professora: Por que?
Aluna1: Ela é linda, e tem um príncipe que à ama, com cavalos, castelos, e ela tem um final feliz.

Professora: E você?
Aluna2: Eu quero ser a Rapunzel. Porque ela é linda, e tem um principe que lutou por ela. E ela mora em um castelo gigante, o mais bonito de todos!
Professora: [omitindo uma informação*] E você Marina, o qual você quer ser?

Marina: Eu quero ser a princesa Fiona, do Shrek.
Professora: Mas por que? Você não quer ser a Cinderela, ou outra mais bonita?

Marina: Não. A Fiona é a mais bonita. Ela se aceita como ela é, diferente de todos como eu, pra viver com quem ela realmente ama e que também ama ela de verdade. Ela tem um burro que fala, isso não é mais legal do que cavalos tia? Veja só, ela é feliz e não precisa de castelos nem de um homem bonito por fora. Eu queria um Shrek pra mim. Queria que alguém me aceitasse por quem eu sou. E ele me ensinou que eu não preciso ser perfeita pra ter um final feliz...


*Grifo Meu**
**Correção de Lane

segunda-feira, 14 de março de 2011

Sobre o "muro do amor"


Cajuh Dantas

O muro do amor. Duas metáforas que se unem: muro e amor. Eu sempre pensei no amor como ponte, mas pensando bem pode ser um muro sim. São tijolos unidos, uma fortaleza silenciosa, por vezes transmitindo mensagens. Só muda a forma. Bem como o amor mutável e constante. Pensava o muro como obstáculo para a união, para a comunhão com os outros. Mas, não! Nesse mundo onde um olhar pode provocar socos e o mostrar tiros, melhor mesmo a segurança do muro. No momento não penso o muro como isolamento. Penso o muro como o amor... Vivas a Maria Adelaide Amaral e Jorginho Fernando! Pena que a censura ainda se faz presente... Bem! Ainda existem os muros e os amores além das telas da hipocrisia!

-Obs. Hipocrisia porque nossas “boas famílias” podem ver todo requinte de crueldade de Luisa’s, Raquel’s e Max’s Martinês, mortes e seqüestros e não podem ver um beijo gay! Carinho é perversão, violência não! – sou meio militante mesmo...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Licença aos otimista pudicos

Cajuh

Pensei como seria se as pessoas viessem com seus próprios manuais. Manuais esses que serviriam para um autoconhecimento e para os outros saberem como lidar com elas. Primeiro achei que seria um bom recurso, só que pensando bem nem um manual ajuda muito. Se houvesse o manual, a única coisa seria é que inevitavelmente erraríamos mais em tecnicismo do que em tentativa. Até nossos pensamentos mais lúdicos envolvem tecnologia, contudo apesar de tantas máquinas em funcionamento ainda queremos nos parecer com ela. Eu aqui pensando em um manual de humanos, ao mesmo tempo em que me incomodo com a burocracia do mundo, beirando os humanos a máquinas! De certo qualquer dia desses surgirá um livro com teor cientifico que nada mais será que uma manual para imbecis!

Desculpem-me a aparente revolta, era para ser uma forma mais lúdica de dizer que os humanos não podem ser entendidos e que a vontade que me surge é mandar a todos, inclusive a mim, Se FUDER... Uma foda deliciosamente gostosa, sem previsões manualísticas ou técnicas, só uma FODA!!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Teleceguez



Acorda João
Teu braço é preciso
Tua força é mais uma
Movendo o país
Bom dia, mulher
Sua benção, meu pai
Pão sem manteiga
Leite ou café, tanto faz
O dia desponta nas costas
Arde e tempera o trabalho
Suor, labor, salário
Companheiros das mesmas lutas
João não gosta de putas
A família está lhe esperando
Bola, boneca e um corte de pano
Dia de salário e prosa no bar
Sexta feira de qualquer mês
O sangue é quente
Tudo é embriaguez
Ele não sabe se corre
Ele não tem nada ver
Ele pensa que se esconde
Ele é o alvo da vez
A bala sem endereço
Acerta João, do nada
Tiro, pipoco, grito, estampido
João, com o salário na mão
João?
Quem é João...?
Acorda, Antônio

Teu braço é preciso
Tua força é mais uma
Movendo o país
Bom dia, mulher
Sua benção, meu pai
Pão sem manteiga
Leite ou café, tanto faz.
Tanto faz.
Tanto faz.

Originalmente publicado 

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Post Indigente - sem nome nem aderente


Controle remoto na mão. Novela, docs, filme e futebol. O que há de interessante para uma tarde de sábado? Acabei estacionando em um reality policial, onde a equipe acompanha as viaturas atendendo aos chamados pelas ruas da cidade. Denúncia: homicídio.
Chegando ao local, temi continuar assistindo pois o câmera não hesitou em filmar o corpo... que se mexeu. Esperei sangue, mas o corpo mexeu. Um homem de calças, sem camisa, barbudo e de aparência suja acorda depois da abordagem policial. Não consegue levantar-se (ou não quer). Apenas rasteja sentado.
- O que tá fazendo aqui? Ei! Falei com você!
O homem nada respondeu, apenas duas olhadas para o policial. Vestiu a camisa e rastejou do muro para detrás do poste, na beira da calçada.
Voltado para a câmera o policial continua:
- Como vocês podem ver, é apenas um indigente. Está tudo bem, graças a Deus, a denúncia era falsa. Acontece muito, as pessoas acharem que, pelas características, estar sujo, jogado, se trate de um corpo. Vamos embora.
Meu senhor, a denúncia não era falsa.
Meu senhor, gente assim não fala. Sequer tem voz.
Meu senhor... esse crime foi arquivado, faz tempo.. faz tempo!